Tuesday, December 26, 2006

Desafios...

Se acreditamos que a vida inteira é uma viajem, então importa conhecer a bagagem que carregamos…
Todos temos um “Chip Pessoal”, uma originalidade que nos compete descobrir, uma maneira muito própria de reagir aos desafios da vida…
Ser honestos connosco e com os outros, é termos consciência desta originalidade, desta singularidade que nos distingue…

São vários os desafios, com os quais, ao longo da vida, nos vamos encontrando e, por vezes, a certa altura, desencontrando.
È certo que muitas vezes estamos cansados desses desafios, às vezes, parece que o mundo inteiro conspira para nos ver errar e, em cada segundo que nos distraímos, tudo se desfaz nesse instante.

Pois bem,…
Talvez, então este seja o maior dos desafios…
O aceitarmo-nos a nós próprios como somos, dar-nos o direito de não se ser perfeito, de poder falhar, de não corresponder às expectativas seja lá de quem for.
O desafio…é conquistarmos e mantermos sentimentos de pertença, que nos salvem da nossa força e nos acolham na nossa fragilidade.

E digo salvar da nossa força,…porque é muito cómoda a falsidade da vida adulta,…o grande evocar da maturidade,…o salvar aparências perante circunstâncias.
Haja, então, quem nos salve de nós próprios, desta força que nos obrigamos a ter e a mostrar para sobrevivermos condignamente a tudo à nossa volta…
Haja, quem nos dê tempo e espaço para desesperar, agonizar,…descompensar,…haja, quem nos permita sermos verdadeiros connosco,…haja,…quem nos salve da nossa inteligência emocional e nos deixe, nem que por breves segundos, mostrar ao mundo, que nos corre sangue nas veias, que temos sensações frias na barriga, sensações de ansiedade que nos assaltam e nem sempre queremos controlar…

Afinal…quanto vale a vida trivial que levamos, quanto custa viver aquilo em que se acredita, quanto custa ganhar e perder…
Sabemos tão pouco e queremos ter tanto, queremos ser tudo,…controlar tudo.

Se procurarmos entender este mundo, percebemos que aqui, tudo se move por ciclos e que o bom e o mau, o alegre e o triste, vão-se revezando na orientação da nossa vida…então o que nos resta, o desafio a que nos devemos propor, é o de procurar aquilo que é eterno em nós, aquilo que nos distingue, nos torna únicos e sempre que consigamos, verdadeiros connosco, genuínos na nossa essência …

…pois como diz uma velha profecia índia “o abismo existe para nos recordar que sabemos voar”…

Falemos de Almofadas...

Sim,…
Porque são nelas que muitas vezes nos rimos, choramos, nos confortamos…
…porque são nelas,..que sonhamos…recordamos, partilhamos…
…porque são nelas que nos escondemos, nos procuramos e nos reencontramos…
…porque são nelas que acreditamos, desistimos, pedimos tanto….

Sim,…
São nelas que nos reconfortamos,..são nelas…que, em tantas vezes, desesperamos e, nelas muitas vezes, decidimos recomeçar e recomeçamos…

A elas,…
…nos confessamos, nelas rezamos e, quantas e quantas vezes vacilamos...

E não são nelas, que esperamos, agonizamos, duvidamos?...
Talvez as almofadas…sejam aquele abismo em que nos lançamos de livre vontade…convencidos de que… depois de acordarmos…ousamos levantar-nos, com a certeza de que, ao querermos, tudo vamos superando...

Wednesday, December 13, 2006

Meu Deus! Que impiedoso é o Tempo!

É certo que muitas vezes é o tempo que nos ajuda a cicatrizar feridas, a relativizar problemas, a suplantar fragilidades.
E aí, aparece-nos como que um escape, uma fuga, um refúgio...um porto seguro...

Mas...não será também o tempo...uma prova de resistência?...
Afinal de quanto tempo precisamos para nos adaptarmos, para mostrarmos algo,...para nos conhecermos...

Por vezes, temos sintomas de saudades "do tempo"...às vezes, queremos que ele passe,...outras que ele pare...ou pelo menos, que de vez em quando, nos permita fintá-lo, nem que por breves segundos....

Impiedoso, não é?

Mas o mais terrível é que o "tempo" anda de mãos dadas com a vida,...com aquela vida que acontece...enquanto, muitas vezes, estamos ocupados a fazer planos...a perder tempo...

E com tantos planos, esquecemo-nos que mais importante que "ganhar asas" é "criar raízes"...a dimensão dos outros,...a consciência dos afectos em nós mesmos e na relação com aqueles com quem nos cruzamos,...as pequenas coisas que nos engrandecem e que nos permitem encontrar o mesmo prazer quando se dá e quando se recebe....

Prazeres...que se vivem em tempo real...porque na vida, qualquer tentativa, qualquer ensaio, esboço, ou rascunho...já é o palco , a tela ou o livro com a nossa história, autentificada pelo nosso percurso...aquele que se faz no "tempo"...